A. Lange & Söhne Zeitwerk

O calibre de manufatura do Zeitwerk da A. Lange & Söhne é dotado de um mecanismo completamente inovador que apresenta horas e minutos saltantes. Nesta peça, a manufatura de Glashütte prescinde dos ponteiros, a favor de uma indicação digital das horas e dos minutos com algarismos saltantes em duas janelas separadas. Para tal, são utilizados discos numéricos, tal como na grande data típica da A. Lange & Söhne. Em 1994, foram apresentados os primeiros quatro modelos com este tipo de data que, desde então, se tornou um traço distintivo de muitos relógios da A. Lange & Söhne, como o Lange 1 ou o Datograph. Ambos tornaram-se rapidamente nos ex-líbris da marca relojoeira.

O genial sistema de data grande da A. Lange & Söhne inspira-se no famoso relógio de 5 minutos da Ópera de Semper de Dresden. Este foi concebido pelo relojoeiro da corte saxónica Johann Christian Friedrich Gutkaes que, em 1838, recebeu o encargo de construir um relógio que fosse perfeitamente visível de todos os lugares do anfiteatro. Com a ajuda do seu aprendiz Ferdinand Adolph Lange, Gutkaes desenvolveu um relógio de cinco minutos, assente em duas janelas: uma para as horas, outra para os 5 minutos. Os algarismos romanos da janela da esquerda indicavam as horas, ao passo que os algarismos árabes da janela da direita indicavam os minutos. As horas mudavam a cada cinco minutos, ou seja, os minutos eram visualizados de cinco em cinco minutos (00, 05, 10, etc.).

O princípio de funcionamento do Zeitwerk está muito ligado a estas raízes da marca, apresentando também uma janela dos minutos saltantes. Neste caso, porém, são utilizados não algarismos romanos, mas sim algarismos árabes que saltam a cada minuto, e não a cada cinco. Os ponteiros são usados apenas para a indicação da reserva de marcha e para os pequenos segundos, apresentando a sua característica elegância. Um dos elementos que faz parte do design único do Zeitwerk é a ponte central fabricada numa peça em prata alemã galvanizada, perfeitamente visível no mostrador e que inclui a abertura para as horas e os minutos e ainda os pequenos segundos. A ponte é uma peça essencial do movimento e, juntamente com os rubis transparentes, sustentam os discos dos minutos. O indicador de reserva de corda encontra-se posicionado na metade superior do mostrador, e acima deste está o logótipo arqueado da marca.

Será muito difícil passar despercebido com um Zeitwerk no pulso. O seu visual completamente inédito faz o coração de qualquer apreciador de alta relojoaria bater mais forte. Além disso, esta peça do tempo apresenta uma relação qualidade/preço extremamente apelativa. Um Lange 31 da coleção Saxonia, que alberga um movimento semelhante, custa novo o dobro do Zeitwerk, cujo preço ronda os 56.000 euros. Um Zeitwerk usado e em excelente estado de conservação ronda os 40.000 euros. Já o Zeitwerk Striking Time com caixa em ouro e dotado de uma complicação acústica custa novo cerca de 70.000 euros. O Lange 31 apresenta uma impressionante reserva de marcha de 31 dias e têm um preço idêntico. O Zeitwerk Minute Repeater ultrapassa os 350.000 euros.

O Zeitwerk é imediatamente reconhecível como uma criação da A. Lange & Söhne. Os inconfundíveis algarismos sobredimensionados da indicação das horas e dos minutos evocam a típica janela dupla para a data da marca saxónica. Outro elemento estético distintivo é a escala tipo "caminho de ferro" que surge no submostrador dos pequenos segundos, presente em todos os modelos da coleção 1815. A caixa de 41,9 mm de diâmetro em ouro ou platina, com acabamento polido e escovado, apresenta uma coroa posicionada às 2 horas. As duas grandes janelas com algarismos árabes para as principais indicações do tempo tornam a leitura das horas mais clara e intuitiva.

Através do fundo transparente no verso do relógio poderá observar a magnífica decoração do calibre L043.1. Trata-se de um movimento de corda manual composto por 415 elementos e 68 rubis inseridos em chatôns de ouro, requintadamente decorado com motivos Glashütte. O Zeitwerk oferece uma reserva de marcha de 36 horas. Esta é indicada numa escala de 200 graus, acompanhada da inscrição em alemão Auf/Ab (Up/Down), que indica o estado da autonomia da corda. O Zeitwerk integra ainda uma função de stop-seconds, que permite um acerto das horas com a máxima precisão. A ponte do balanço é finamente gravada à mão. A precisão é assegurada por um balanço com pesos excêntricos e uma espiral de livre oscilação fabricada pela própria marca.

O Zeitwerk é uma verdadeira obra prima relojoeira. Com efeito, a realização de uma indicação digital da hora com minutos saltantes é extremamente complicada. Dada a sua complexidade, o modelo Opus 3 da Harry Winston só pôde ser oficialmente comercializado seis anos após a sua apresentação. O Indicator da Porsche Design, com indicação mecânica-digital do cronógrafo, teve de ser reelaborado logo após o seu lançamento, dado que apresentava problemas de funcionamento. A energia necessária para fazer avançar os discos dos minutos foi sempre o grande obstáculo que impediu a adoção de um sistema digital num relógio mecânico de elevada precisão e com uma razoável autonomia de funcionamento. Ao passo que uma data tradicional salta apenas uma vez por dia, os discos dos minutos avançam 1608 vezes por dia, o que, inevitavelmente, exige uma mola de carga extremamente potente. Contudo, esta é responsável pela notável diferença de energia entre a fase em que o relógio se encontra completamente carregado e aquela em que a autonomia está quase a terminar, causando imprecisões na marcha do relógio. A A. Lange & Söhne resolveu este problema com um mecanismo patenteado de escape de força constante que assegura o fornecimento uniforme da energia. A sua tarefa consiste em compensar a diferença de energia que, assim, é transmitida à mola do balanço de forma controlada. Tal como a espiral, a mola de escape é fabricada pela A. Lange & Söhne.

Com o passar do tempo, o excesso de energia pode danificar os delicados componentes do movimento. Por isso, o movimento do Zeitwerk possui um sistema especial na engrenagem do salto do tempo, que faz passar ar pelo movimento no preciso momento em que ocorre o salto do disco, travando o movimento do mesmo. Num ano, o disco é travado 525.600 vezes, assegurando uma maior durabilidade do mecanismo.

Uma das grandes estrelas da coleção Zeitwerk é o Zeitwerk Striking Time, o primeiro relógio mecânico a juntar uma indicação digital da hora a uma complicação acústica. O mecanismo assinala a passagem dos quartos de hora com um toque agudo e a das horas com um toque grave. Os dois martelos estão bem visíveis às 4 e às 8 horas no mostrador. A sua forma assemelha-se à picareta de um mineiro, numa alusão à rica atividade mineira na região de Glashütte. É possível ativar a sonnerie através do botão posicionado às 5 horas. O Zeitwerk Striking Time apresenta um diâmetro de 44,2 mm e está disponível em ouro branco ou vermelho de 18 quilates, ou ainda em platina. A versão mais recente é limitada a 100 exemplares. Este excecional instrumento do tempo é animado pelo calibre de corda manual L043.2.

Em termos técnicos, o modelo A. Lange & Söhne Zeitwerk Minute Repeater é ainda mais complexo do que o Zeitwerk Striking Time. Os dois martelos deste relógio com repetição de minutos emitem um sinal acústico grave a cada hora, um toque duplo a cada 10 minutos e um toque agudo a cada minuto, mediante a pressão de um botão posicionado às 10:30. No coração deste instrumento do tempo encontra-se o calibre de manufatura de corda manual L043.5. A platina foi o material precioso escolhido para este relógio, que apresenta 44,2 mm de diâmetro. O Zeitwerk Striking Time e o Zeitwerk Minuter Repeater são os maiores modelos da coleção Zeitwerk.