Mb&f

Quatro tambores e um turbilhão

A coleção Horological Machines compõe-se de cerca de dez relógios de pulso. O modelo fundamental é o Horological Machine Nº1 (HM1), cuja caixa em ouro branco ou vermelho assume a forma de um 8 deitado. A peça mede 41 x 64 x 14 mm, tendo, pois, espaço suficiente para albergar 376 peças e ser, ainda, o primeiro relógio de pulso do mundo a possuir quatro tambores de corda, que transmitem a energia ao sistema regulador em simultâneo. Na posição central gira um turbilhão, a fim de contrariar os efeitos negativos da gravidade sobre o mecanismo. O HM1 exibe as horas e os minutos em mostradores separados e possui sete dias de reserva de marcha.

O design do Horological Machine N.º 4 remete para o universo da aviação. Em criança, Büssner era um fã do aeromodelismo, no qual se inspira para a criação deste modelo tridimensional. Assumindo a forma de duas turbinas que relembram as de um A-10 Thunderbolt, esta peça apresenta dois mostradores localizados lado a lado, estes, por sua vez, semelhantes aos manómetros de um coquepite. O da esquerda exibe o tempo que resta na reserva de marcha, e o da direita mostra as horas e minutos. O "motor" do HM4, ao centro, é igualmente surpreendente: com mais de 300 componentes, este apresenta um sistema onde a energia do duplo tambor de corda horizontal é transferida para duas engrenagens verticais que permitem o motor de corda manual funcionar durante 72 horas. A caixa, de titânio ou de ouro vermelho, mede 54 x 52 x 24 mm.

HM5: um relógio que apetece levar pela estrada fora

O 5.º modelo da família Horological Machines vem com o apelido "on the road again" e inspira-se, desta feita, na visão de futuro que se tinha nos anos 1970. A indicação vertical voltada para a frente faz do HM5 um excelente relógio para pilotos, já que estes não precisarão de tirar as mãos do volante para consultar as horas. A caixa em forma de cunha lembra os automóveis futuristas dos anos 70, especialmente o Alfa Romeo Carabo de 1968, que nunca chegou a ser produzido em série. Além disso, é uma homenagem ao Amida Digitrend, um relógio lançado em 1976 para pilotos de automóveis de corrida que possuía um mostrador idêntico. Esta peça relojoeira pode parecer relativamente simples, mas, na verdade, é bastante complexa: não tem uma, mas duas caixas, e as horas saltantes são bi-direcionais, permitindo que o tempo possa ser facilmente configurado, tanto para a frente como para trás.

100 anos de retrospetiva

A coleção "Legacy Machines" nasce quando Maximilian Büsser se pôs a fantasiar na seguinte hipótese: O que aconteceria se a MB&F tivesse existido há 100 anos? Que relógios teria concebido? Com certeza que nessa altura não teria fontes de inspiração como o Star Wars ou os jets ultrasónicos, mas sim a torre Eiffel ou as aventuras de Júlio Verne. A LM N.º 1 é a resposta encontrada por Büsser. Em homenagem à relojoaria tradicional dos séculos XVIII e XIX, o LM N.º1 tem um balanço de oscilação lenta (2,5 Hz) com espiral tradicional Breguet e com a roda do balanço suspensa no mostrador. As horas e os minutos dos dois sub-mostradores podem ser regulados independentemente - a função GMT normalmente não permite o acerto independente dos minutos, numa estética que evoca o século de ouro da relojoaria (1780 - 1850).

Sob o nome Legacy Machine Perpetual, a MB&F apresentou uma peça que reinventa uma das mais tradicionais complicações relojoeiras: o calendário perpétuo. O calibre, totalmente desenvolvido internamente, é controlado por um processador mecânico que movimenta 581 peças totalmente integradas, e permite um método revolucionário de cálculo do número de dias de cada mês. Ao contrário do que é comum, este sistema usa por defeito um mês de 28 dias e acrescenta os dias suplementares necessários. Para acertar o ano, como por exemplo o ano bissexto, o Perpetual da MB&F tem um botão de acerto rápido. Com uma caixa de 44 mm por 17,5 mm, o MB&F LM Perpetual é uma edição limitada de 25 exemplares de ouro vermelho e outros 25 de platina.

O tempo como arte performativa

Na coleção Performance Art, a MB&F reúne uma série objets d´art deveras extraordinários, como, por exemplo, o simpático robô Sherman. De acordo com a marca, o pequeno robô não faz nada: “Sherman não anda, não fala, não solda carros nem perambula por Marte. Ele não tenta matar Sarah Connor, ajudar Luke Skywalker, avisar Will Robinson, aspirar o chão, estrelar longas metragens ou fazer cumprir a lei”. No entanto, "o pequeno faz duas coisas muito bem: marcar as horas e arrancar sorrisos". Assente em duas lagartas de borracha, Sherman mede 14,3 cm de altura e é composto de 200 peças, exibindo o tempo no torso com dois ponteiros azulados. É proposto em edição limitada em três versões diferentes: 200 revestidas a platina, 200 revestidas em ouro e 50 com diamantes. Já o Arachnophobia é pouco recomendado para quem ainda tem arrepios quando pensa no filme Aracnofobia, de 1990. A aranha mecânica de oito patas tanto pode dizer as horas em cima da mesa como na parede. Com as pernas estendidas, mede 20 cm de altura, e numa versão revestida a ouro pesa quase 2 kg. Inspirado na saga Star Trek, o Starfleet Machine foi concebido em colaboração com o último fabricante de calibres de alta gama suíço ainda em funcionamento, o L’Epée 1839. O movimento encontra-se no coração da "nave" e possui uma reserva de marcha de seis semanas. As horas e os minutos são indicados numa cúpula preta central posicionada sobre o calibre. A Starfleet Machine está limitada a 175 peças e está disponível em edições "light" (clara) ou "dark" (escura), a última com componentes banhados a ruténio.

Para tornar todas estas ideias uma realidade, a manufatura trabalha em conjunto com renomados artistas, entre os quais se conta, por exemplo, a holandesa Jennifer Townley, conhecida pelas suas esculturas cinéticas. Quem aprecia a beleza da mecânica de um clássico gira-discos, irá, com certeza, apreciar a arte cinética das peças MB&F. Os preços começam nos cinco dígitos.

O imaginário de Maximilian Büsser

Mestre em engenharia e microtecnologia, Maximilian Büsser nasceu em Milão em 1967 e criou a MB&F em 2005. O seu percurso no universo relojoeiro começou na Jaeger-LeCoultre, onde ficou durante sete anos, responsável pelo desenvolvimento de produto e departamento de marketing no continente europeu. Em 1998, Büsser foi para a empresa de joalharia Harry Winston, gerindo a partir de Genebra o departamento de Rare Timepieces. Aqui, fez a proeza de aumentar o volume de vendas em 900 %. O salto para a independência foi dado em 2005, quando se juntou a Serge Kriknoff, para fundar a MB&F. O primeiro produto - o Horological Machine Nr. 1 - foi lançado em 2007.

Com instrumentos do tempo verdadeiramente inesperados, a MB&F pode não ser para o gosto de todos, mas decerto não deixa ninguém indiferente. As surpreendentes peças de arte relojoeira apelam a quem tem fascínio por uma complexidade mecânica invulgar, ou ainda, a quem vê um relógio como uma peça para ser exposta, um princípio seguido também pela Hublot. A MB&F propõe máquinas do tempo onde arte e técnica relojoeira ao mais alto nível o transportarão, literalmente, para outro mundo.