O Rolex Daytona é um dos mais carismáticos relógios do universo da relojoaria. Imortalizado por Paul Newman, o mítico cronógrafo desportivo da marca da coroa tornou-se um dos objetos mais desejados do mundo.
A Rolex lançou o Cosmograph Daytona em 1963, apenas um ano depois de ter sido disputada a primeira corrida de endurance de Daytona, no circuito de Daytona Beach, na Florida. Foi em tributo a esta mítica corrida que a marca da coroa batizou aquele que é hoje um dos mais famosos cronógrafos desportivos da história. A Rolex tem uma longa ligação às famosas competições automobilísticas e, atualmente, assume o papel de official timekeeper, tanto na prova que hoje é conhecida por Rolex 24 Horas de Daytona como nas 24 Horas de Le Mans. Indubitavelmente, o Rolex Daytona ocupa um lugar muito especial no catálogo da marca, conhecida essencialmente pelos seus relógios de prestígio, entre os quais se destacam modelos emblemáticos como o Submariner e o Datejust.
Quando a marca lançou o Cosmograph Ref. 6239, nem todos os modelos ostentavam ainda a inscrição "Daytona" no mostrador. O nome foi aparecendo com o tempo, geralmente por cima do contador das 12 horas, posicionado às 6 horas. A grande escala taquimétrica na luneta oferece uma legibilidade perfeita e permite calcular velocidades, o que denuncia desde logo a ligação do Cosmograph Daytona ao universo da competição automobilística. Os vencedores das lendárias 24 Horas de Daytona recebem um Rolex Cosmograph Daytona personalizado com a correspondente inscrição no fundo do relógio. O piloto português Filipe Albuquerque é um dos felizardos a possuir um, que recebeu por ocasião da 56.ª edição desta prova que venceu na categoria GT. Obviamente, estes modelos são extremamente raros e, por isso, o seu preço é muito elevado.
Modelo | Preço aproximado | Material | Particularidades |
Daytona Paul Newman, Ref. 6239 | 15.3 milhões de euros | Aço inoxidável | O relógio mais caro do mundo |
Ref. 6239 | 54.000 euros | Aço inoxidável | Sem o mostrador Paul Newman |
Ref. 116506 | 49.400 euros | Platina | Mostrador azul-gelo |
Ref. 116508 | 24.500 euros | Ouro amarelo | Bracelete Oyster em ouro, luneta em ouro |
Ref. 116518LN | 22.000 euros | Ouro amarelo | Luneta de cerâmica, bracelete Oyster |
Ref. 16520 | 19.000 euros | Aço inoxidável | Calibre Zenith El Primero |
Ref. 116500LN | 16.600 euros | Aço inoxidável | Luneta de cerâmica |
Ref. 116503 | 12.800 euros | Aço e ouro | Bicolor |
Ref. 116520 | 12.500 euros | Aço inoxidável | Calibre de manufactura 4130 |
Lançado em 2016, um Rolex Daytona em aço inoxidável com a Ref. 116500LN custa, como novo, cerca de 16.600 euros. O preço dos exemplares usados é um pouco mais acessível e ronda os 16.200 euros. Em suma, este relógio de luxo custa mais 5.000 euros do que quando comprado num revendedor oficial da marca, onde existe uma lista de espera de meses, se não mesmo de anos, para adquirir este modelo. Regra geral, os relógios Rolex fabricados em aço são mais procurados e, por isso, são um investimento seguro.
Os modelos de coleção raros como o Rolex Daytona Paul Newman têm um grande potencial de valorização e alcançam valores de venda recorde em leilões especializados. Este é o caso do Daytona Ref. 6239, o lendário modelo que Paul Newman recebeu de presente da sua esposa, que foi arrematado pela quantia astronómica de 15.3 milhões de euros.
Já um Paul Newman normal custa cerca de 100.000 euros. Contudo, os preços costumam variar bastante e não é raro encontrar peças entre os 200.000 e os 300.000 euros. Se quiser prescindir do Daytona com o famoso mostrador contrastante, sugerimos a Ref. 6239 , cujo preço ronda os 54.000 euros. Em termos técnicos, estes modelos vintage são idênticos.
Os modelos mais recentes como a Ref. 116520 têm um preço bastante mais acessível do que os modelos de coleção raros dos anos 60 e 70. Com a chegada do novo milénio, a Rolex apresentou a Ref. 116520, que foi substituída em 2016 pela Ref. 116500LN. Rondando os 15.600 euros, o preço do modelo antecessor é quase o mesmo da versão atual com luneta de cerâmica. Os exemplares usados são consideravelmente mais acessíveis e o seu preço ronda os 12.500 euros. Em 2016, o preço de lançamento deste relógio era de 10.900 euros, tendo pois valorizado em muito pouco tempo. A valorização da Ref. 16520 é ainda mais evidente. Quando foi lançado em 1988, este relógio era animado por um calibre modificado, o El Primero da Zenith, e atualmente o seu preço ascende aos 19.000 euros.
Um Rolex Daytona em ouro de 18 quilates com a Ref. 116508 custa, novo, cerca de 24.500 euros e, usado, 22.000 euros. O preço de catálogo deste modelo ronda os 31.600 euros, sendo pois bastante mais caro nas lojas. A Ref. 116508 está também disponível em ouro amarelo, branco ou rosa – este último denominado de Everose. Estas três versões são ainda dotadas de uma luneta em ouro com escala taquimétrica, que as distingue da Ref. 116518LN introduzida em 2017. A Rolex equipa este modelo com uma luneta em Cerachrom e, em lugar da bracelete Oyster de três fileiras, conta com uma bracelete Oysterflex. Esta bracelete patenteada integra no seu interior uma lâmina de metal superelástico (em titânio e níquel) revestido por elastomer (uma borracha vulcanizada de última geração). A versão em ouro custa cerca de 22.000 euros, sendo um pouco mais barata do que nos revendedores oficiais.
Um dos modelos em destaque na coleção Rolex Daytona é, sem dúvida, a Ref. 116506 em platina com mostrador azul-gelo e luneta castanha em cerâmica Cerachrom. Os exemplares como novos rondam os 49.400 euros e os usados cerca de 46.000 euros. A versão bicolor em ouro e aço (Ref. 116503) tem um preço mais acessível, e ronda os 11.800 euros, como nova, e os 12.800 euros, usada. Outra opção interessante são os modelos dos anos 1990 que custam cerca de 9.000 euros.
O Pre-Daytona é um modelo vintage muito cobiçado pelos colecionadores e é bastante difícil de encontrar no mercado. Isto deve-se ao facto de terem sido produzidos antes de 1963 e numa quantidade limitada. Embora a Rolex tivesse registado o nome "Cosmograph" logo no início da década de 50, a maioria dos mostradores do Pre-Daytona ostentava apenas a inscrição "Chronograph". Curiosamente, este relógio não teve muito sucesso aquando do seu lançamento. Isto deveu-se sobretudo ao facto de existirem na época outras marcas relojoeiras mais reconhecidas pelos seus cronógrafos, mas também porque o pre-Daytona não vinha equipado com um calibre de manufactura, algo bastante incomum para a Rolex. Os modelos em ouro com a Ref. 6234 podem chegar a custar 100.000 euros. As versões em aço custam ente os 20.000 e os 60.000 euros.
Ao longo da sua carreira, tanto no grande ecrã como na competição automobilística, foram muitas as ocasiões em que Paul Newman ostentou um Daytona no pulso. Além de ser um dos maiores ícones de estilo e classe de todos os tempos, o ator norte-americano era também um aventureiro e um amante da velocidade, chegando mesmo a vencer a prova 24 Horas de Le Mans. Usou diferentes versões deste cronógrafo desportivo, mas o Daytona Ref. 6239, usado pelo ator na capa de uma revista, é atualmente uma das edições vintage mais procuradas pelos colecionadores.
Estes modelos ficaram conhecidos pelos Daytona com mostrador "Paul Newman", denominado também de mostrador exótico – um tipo de mostrador contrastante (branco com contadores pretos ou preto com contadores brancos), sendo que o cronógrafo original de Newman possuía mostrador branco com contadores pretos. Estas versões, e particularmente aquelas animadas por calibres de corda manual dos anos 70, são extremamente raras e atingem valores recorde em leilões especializados. Num leilão realizado pela Casa Christie's, em 2013, um cronógrafo Daytona Ref. 6263 foi vendido por mais de um milhão de francos suíços.
O Rolex Daytona entusiasmou pilotos e amantes do automobilismo por possuir algumas inovações especificamente concebidas para lhes servir de instrumento. A escala de taquímetro, usada para medir a velocidade média de um percurso em km/h, em vez de ser impressa no mostrador, foi transferida para a luneta de aço, o que aumentou a sua legibilidade. O grafismo técnico e desportivo do Daytona assenta em três submostradores, com dois contadores para as horas e para os minutos do cronógrafo e um submostrador dos pequenos segundos.
A motorização do Daytona dos anos 60 é feita pelo calibre de corda manual Valjoux 72, cuja carreira terminou em 1976. A partir dessa época, a Rolex passou a equipar o Daytona com calibres de corda automática. O novo Daytona, equipado com o calibre 4030, foi apresentado pela manufactura suíça em 1988 na Feira de Relojoaria de Basileia. Este movimento era baseado no calibre 400 "El Primero", da Zenith, o melhor movimento cronográfico industrial disponível no mercado na época, que tinha uma frequência de 36.000 alternâncias/hora. A Rolex, porém, não se conseguiu resignar à elevada frequência de 5 Hz deste mecanismo, tampouco à indicação da data do "El Primero". Assim, reestrutuoru de raiz o movimento da Zenith, modificando cerca de metade dos seus componentes. O resultado foi um balanço-espiral com 28.000 A/h, a adição de uma espiral com terminal Breguet e a inclusão do ajuste fino equipado com parafusos Microstella que permitem um ajuste de extrema precisão, como é costume da Rolex. As versões em aço foram um sucesso e havia longas listas de espera para a aquisição deste modelo. São peças muito desejadas ainda hoje. Com a viragem do século, a Rolex deixa para trás os modelos baseados no calibre da Zenith e começa uma nova era. Assim, a grande estrela na BaselWorld de 2000 foi, precisamente, o mítico cronógrafo Daytona, desta feita o Daytona Ref. 116520 equipado com um novíssimo calibre: o 4130. Um acontecimento inédito, dado que este foi o primeiro cronógrafo a ser inteiramente desenvolvido pela Rolex. Além disso, foi o primeiro a utilizar a espiral Parachrom, embora esta não tivesse ainda o tratamento que lhe confere a coloração azul, que apenas foi introduzido em 2005. O calibre bate a 28.800 A/h e é composto por 44 rubis. Entre as muitas inovações, destacam-se a embraiagem do tipo vertical no mecanismo do cronógrafo e o desenvolvimento de soluções técnicas que permitiram que este calibre tivesse menos 20% das peças que o seu antecessor, num espaço de 30,5 mm de diâmetro por 6,5 mm de espessura. Esta poupança resultou numa impressionante autonomia de 72 horas. O mecanismo inclui, ainda, um sistema de absorção de choques KIF, da empresa KIF Parechock.
Em termos estéticos, o Daytona do século XXI manteve o visual que sempre o definiu. A caixa permaneceu exatamente igual, apenas o mostrador recebeu algumas atualizações. Os pequenos segundos surgem agora às 6 horas (nas versões anteriores encontravam-se às 9 horas). Para celebrar os 50 anos do Daytona, a Rolex apresentou uma nova versão com caixa em platina (a primeira vez que o Daytona é condecorado com uma caixa concebida neste material), luneta castanha em cerâmica Cerachrom e um mostrador azul-gelo. Vem, assim, complementar na perfeição as outras versões em aço com ótica bicolor e luneta, coroa e botões do cronógrafo em ouro amarelo.
Os cronógrafos são uma categoria de relógio à parte que sempre despertou paixões. Destacamos aqui dois, também eles lendários e com muitas histórias para contar: o Speedmaster da Omega e o Carrera da Tag Heuer. O Speedmaster Professional, mais conhecido pelo nome de "Moonwatch", foi inicialmente desenvolvido a pensar no desporto automobilístico, mas acabou por ser o relógio a acompanhar os primeiros astronautas a pisar a Lua com a missão Apollo 11, depois de ter sido escolhido pela NASA como relógio oficial para o programa espacial norte-americano.
Outro ícone da relojoaria, o Carrera da Tag Heuer, teve um importante papel na história dos cronógrafos modernos, tornando-se o primeiro relógio suíço no espaço. Em 1962, o astronauta John Glenn orbitou a Terra na sonda Friendship 7. No braço, levava um cronógrafo modificado da Tag Heuer. O Carrera, cujo nome deriva do Rallye Carrera Panamericana, seria lançado pela marca de La Chaux-de-Fonds um ano depois, tornando-se um sucesso mundial.
O Rolex Daytona é um relógio preciso, robusto e fiável, com uma elevada qualidade de acabamentos e materiais, como o ouro e a platina. Ao mesmo tempo, personifica o espírito racing, de aventura e de adrenalina. Não é por acaso que este cronógrafo sempre esteve associado a personalidades carismáticas e a alguns dos melhores pilotos da história, como é o caso de Jackie Stewart, que não se separa do seu Daytona deste 1969. Quem compra um Rolex não está apenas a adquirir um relógio, está também a fazer um investimento. Por outro lado, a marca da coroa representa valores eternos, como constância, estética harmoniosa e perfeição técnica, o que faz com que os seus relógios se tornem míticos e adorados por muitos fãs.